Neste final de semana, São Paulo foi palco de importantes celebrações em defesa da diversidade e dos direitos da população LGBTQIAPN+. KOINONIA marcou presença em dois momentos especiais da programação, reforçando seu compromisso com os valores da inclusão, da memória e da resistência.
No sábado (21), no Largo do Arouche, aconteceu o 4º Ato Inter-religioso do Bloco Gente de Fé, com o tema “Celebrando a ancestralidade LGBT+”. A atividade reuniu lideranças de diversas tradições religiosas – entre elas, cristãs, judaicas e de matriz africana – em um gesto simbólico de respeito, acolhimento e fé inclusiva. A fala em nome de KOINONIA foi realizada por Ester Lisboa, coordenadora de ações de promoção de justiça de gênero na instituição, que destacou a importância da ancestralidade como fundamento espiritual e político da luta por direitos.
“O que a gente traz aqui é só coração, é muita vontade de fazer diferente. Celebrar a diversidade sempre foi um marco na história de KOINONIA, que tem 31 anos. Sempre buscar no outro e na outra o reflexo do nosso saber, da religião que exercemos. Não deixem esse espaço morrer! Aqui, marcamos nossa tradição, mostramos no que acreditamos, marcamos a nossa luta. Todos nós precisamos uns dos outros, é aqui que nos fortalecemos. O ecumenismo é isso: navegar de forma mais segura. Aqui é que nos fortalecemos!”, afirmou Ester em sua fala que ecoou entre os presentes no Largo do Arouche. O ato reforçou que espiritualidade e diversidade podem e devem caminhar juntas na construção de um mundo mais justo, acolhedor e plural.
Já no domingo (22), foi a vez de ocupar as ruas com alegria, respeito e reivindicação. KOINONIA se somou ao cortejo do Bloco Gente de Fé na Parada LGBT+ de São Paulo, celebrando o tema deste ano: “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”. A presença do bloco reafirmou que espiritualidade e diversidade não são opostos – e que envelhecer com orgulho é um direito de todas as pessoas.
Para Lídia Lima, assessora de gestão em projetos em KOINONIA, o tema deste ano foi de fundamental relevância para que o envelhecimento desta população fosse olhado com mais carinho, relembrando a todos sobre o quanto ainda precisamos avançar para que todo mundo tenha direito de viver com dignidade. “Envelhecer é direito de todo e qualquer cidadão, qualquer cidadã. E isso por muitas vezes foi negado à população LGBT. E veja… imagina você chegar na terceira idade tendo que negar quem você é para você poder sobreviver. É algo impensável, né? Durante a parada neste domingo, eu encontrei muitas pessoas idosas ressaltando essa vitalidade, essa importância de chegar a essa idade sem precisar se esconder, sem precisar negar o que é. Quando elas trazem essas histórias e quando elas podem falar sobre as suas vivências, os seus amores, os seus afetos, a gente celebra uma resistência, de fato”, reforça Lídia.
A escuta atenta às histórias de vida das pessoas LGBT+ idosas emocionou e inspirou quem participou da Parada. Foram relatos marcados pela dor do silenciamento, mas também pela força do afeto, da amizade e da fé como caminhos de resistência. Entre abraços, cantos e depoimentos, o Bloco Gente de Fé promoveu um espaço simbólico de cuidado intergeracional, onde cada passo dado nas ruas de São Paulo reverberava a memória de quem abriu caminho.
“O tema da Parada traz algo importantíssimo: o respeito aos nossos ancestrais, àqueles que começaram na luta. Isso é fundamental para que nós possamos reverenciar e, cada dia mais, valorizar a história de tantas pessoas que lutaram para que pudéssemos ter hoje essa grande festa que é a Parada do Orgulho LGBT em São Paulo”, avaliou o Reverendo Cristiano Valério, líder da Comunidade Metropolitana de São Paulo.
As ações reforçam a atuação de KOINONIA em defesa dos direitos humanos e da justiça para todas as pessoas. Em tempos de retrocessos, a fé que se levanta ao lado do amor e da dignidade é, mais do que nunca, uma força transformadora.
Texto de Natasha Arsenio, jornalista em KOINONIA.