Na manhã do dia 20 de junho, a Comunidade Quilombola de São Raimundo, em Maraú (BA), sediou mais uma importante Assembleia Geral do Conselho Inter Territorial de Articulação das Comunidades Negras Quilombolas do Baixo Sul e Litoral Sul da Bahia (CIACOQ). A reunião, que reuniu lideranças e associações quilombolas da região, foi marcada por escutas, debates e partilhas em torno das ações sociais e das contribuições das comunidades para o fortalecimento do movimento organizado.
Um dos destaques da programação foi a participação de jovens quilombolas envolvidas no projeto “Quilombolas: Agentes de Ação pelo Clima”, realizado por KOINONIA com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS). Durante a reunião, elas compartilharam suas vivências e reflexões sobre o papel que têm desempenhado como agentes locais de transformação em seus territórios.
As jovens ressaltaram como a iniciativa tem proporcionado formação política, fortalecimento da identidade quilombola e incentivo à atuação direta em temas como justiça climática, sustentabilidade e proteção dos territórios. “A gente está aprendendo que o enfrentamento às mudanças climáticas começa na nossa própria comunidade, com ações práticas e com a valorização dos saberem tradicionais”, pontuou Laiane Kelly dos Santos, do Quilombo do Jatimane.
O espaço aberto no CIACOQ para que essas vozes jovens fossem ouvidas reafirma o compromisso coletivo com a continuidade da luta quilombola e com a centralidade das juventudes na construção de políticas públicas que respeitem os territórios, as culturas e os modos de vida tradicionais.
A presença das agentes quilombolas pelo clima reforça a importância de iniciativas que integrem juventude, ancestralidade e protagonismo político em defesa da vida e dos direitos dos povos quilombolas. E é exatamente este o objetivo do projeto “Quilombolas: Agentes de Ação pelo Clima”, que visa fortalecer o protagonismo das comunidades quilombolas nas discussões e decisões sobre mudanças climáticas, preservação ambiental e justiça climática. Através de formações presenciais e virtuais, encontros territoriais, produção de materiais e mobilizações a respeito da COP-30, o projeto busca visibilizar o papel histórico e atual dessas comunidades na preservação da Mata Atlântica, além de capacitar agentes oriundos destes territórios para atuar em espaços de incidência política. A iniciativa é realizada nos estados do Rio de Janeiro e da Bahia, conectando territórios, fortalecendo redes e inspirando ações transformadoras.
Texto de Pedrina do Rosário, Mobilizadora Comunitária em KOINONIA, e revisado por Natasha Arsenio, jornalista em KOINONIA.