Carolina Maciel
No dia 19 de novembro, antecedendo o dia da Consciência Negra, o livro “Direitos Quilombolas: um estudo de impacto da cooperação ecumênica” foi lançado por KOINONIA – Presença Ecumênica e Serviço na Ilha da Marambaia, em Mangaratiba/RJ. O livro que foi organizado por Mara Vanessa Fonseca Dutra é uma publicação das instituições ecumênicas Christian Aid; KOINONIA – Presença Ecumênica e Serviço; Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE; Fundação Luterana de Diaconia e Evangelisher Entwicklungsdienst – eed e tem por objetivo avaliar o impacto do apoio das organizações da Aliança ACT no Brasil ao movimento e às comunidades quilombolas desde 1996 até 2009. Para tanto, entende-se como impacto toda e qualquer mudança que permanece e faz a diferença.
Cinco comunidades são estudadas no livro São Francisco do Paraguaçu (Bahia); Marambaia (Rio de Janeiro); Baixo Sul (Bahia); Maranhão/Centro de Cultura Negra; e comunidades quilombolas do Território Sul do Rio Grande do Sul. Para tanto, a Ilha da Marambaia foi um dos locais escolhidos para o lançamento, sobretudo, por coincidir com o dia da Festa Consciência Negra na Ilha e por possibilitar o encontro da comunidade local com outras comunidades quilombolas que frequentemente estão presentes ao evento [o livro também foi apresentado na festa] com as associações Arquimar – Associação da Comunidade Remanescente de Quilombos da Ilha da Marambaia; Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Estado do Rio de Janeiro – Acquilerj e Arquisabra – Associação das Comunidades de Quilombos de Santa Rita do Bracuí, em Angra dos Reis/RJ.
A divulgação do livro foi feita na casa da Dona Beatriz, mais conhecida como Beá, a comunidade local esteve presente para compreender melhor a problematização do livro, os entendimentos e direções apresentadas pelo estudo feito, em especial, no caso da Marambaia, bem como com os demais quilombos citados acima. Presentes também estavam os jovens do quilombo de Santa Rita do Bracuí, litoral de Angra dos Reis, que prestigiaram o momento.
O encontro foi orientador, especialmente, quando Ana Gualberto, assessora de KOINONIA e do programa Egbé, citando a Marambaia no livro encorajou-os quanto à luta pelos direitos territoriais relembrando a recém conquista da titulação do quilombo de Preto Forro, Cabo Frio. Eles ficaram encantados com o livro, sobretudo, por perceber a contextualização da questão quilombola no Brasil, da comunidade que eles estão inseridos, e sobre a reflexão que trouxe para eles quanto ao posicionamento que vão adotar quanto às questões do fortalecimento local para que todo o processo territorial seja o quanto antes solucionado, ou ainda, que não desistam da luta pela titulação. Por fim, no momento de descontração divertiram-se quando se viram nas imagens publicadas no livro. Assim, este foi um momento de reconhecimento e identidade cultural que cada um pode vivenciar e unir vozes para que a luta pelo território continue.
No dia seguinte, na festa da Consciência Negra, o livro também foi apresentado para a população. Neste dia, aproveitando que o número de presentes era bem maior Ana Gualberto convidou a todos para a leitura e reflexão do livro em meio ao incentivo pela luta aos direitos pessoais e coletivos enquanto quilombolas.